Conversamos com experts da área para tirar todas as suas dúvidas sobre a técnica que busca descobrir as cores que compõem a beleza natural de cada pessoa!
Já parou para pensar que algumas cores nos valorizam e harmonizam com nosso tom de pele? Enquanto outras parecem simplesmente nos apagar? Isso não é uma percepção aleatória e tem sim fundamento - e se chama estudo de colorimetria e de coloração pessoal. A partir dele, é possível saber quais cores destacam e favorecem a beleza de cada um, ajudando a escolher de roupas e acessórios à maquiagem e cor do cabelo. Para esclarecer todas as dúvidas sobre o tema que faz sucesso nas redes sociais, conversamos com especialistas no assunto: Carol Caliman e Carlinha Catap, consultoras de estilo pessoal à frente da Assinatura de Estilo, e Naylah Campos, consultora de moda e chefe de análise de coloração da equipe da Farage Inc, comandada por Thais Farage. Confira o dossiê completo e saiba como usar as cores a seu favor!
É uma técnica que busca descobrir, a partir de testes comparativos, as cores que compõem a beleza natural de cada pessoa. Através do método, é possível saber a cartela de cores de cada um. “Existem pessoas mais douradas, outras mais rosadas, pessoas que têm um brilho natural e outras com acabamento mais opaco, dentre tantas outras possibilidades, tudo isso é levado em consideração”, explicam Carol e Carlinha.
O surgimento da coloração pessoal está ligado à escola de arte, design e arquitetura Bauhaus, fundada por Walter Gropius em 1919 na Alemanha. Johannes Itten, pintor expressionista e um dos professores mais importantes da primeira fase da Bauhaus, notou, durante suas aulas, que as obras de seus alunos eram compostas de cores muito harmônicas entre si. “Ele percebeu que essas cores eram as mesmas que compunham a beleza dos alunos.
Como cada um tinha traços e cores diferentes, os resultados também eram diferentes”, fala Naylah, da equipe da Farage Inc. Itten percebeu que isso gerava um padrão: “pessoas que tinham traços fortes costumavam usar cores mais intensas e contrastantes em seus trabalhos, pessoas com traços mais delicados escolhiam cores suaves, e assim por diante”, pontua a dupla da Assinatura de Estilo.
Outro nome importante é o do químico francês Michel Eugène Chevreul, que desenvolveu uma teoria sobre o contraste simultâneo das cores no século XIX. “Ele percebeu como as cores refletiam no rosto das pessoas, realçando ou suavizando traços e tons”, diz Naylah.
Já a artista plástica e estilista norte-americana Suzanne Caygill foi a responsável por unir os resultados desses estudos e criar o método sazonal de análise de cores. Na técnica de Suzanne, “temos cores de primavera que são mais brilhantes e quentes, de verão, que são mais frias e opacas, assim como de inverno que também são frias, porém mais intensas, e de outono, com cores mais suaves e quentes”, explica Naylah, da Farage Inc.
Mais tarde, novas observações trouxeram mudanças bastante significativas para o método sazonal, pois se descobriu que existem também pessoas com subtom neutro, não sendo mais a temperatura a principal característica a ser analisada. “O método sazonal expandido considera características de belezas suaves, claras, brilhantes e profundas. De quatro, passaram a ser 12 cartelas”, completa ela.
O método sazonal expandido é composto por 12 cartelas de coloração pessoal, sendo três para cada estação do ano. A análise também leva em conta elementos como temperatura, intensidade e profundidade, resultando em 12 opções: Primavera (Clara, Quente e Brilhante), Verão (Suave, Claro e Frio), Outono (Suave, Escuro e Quente) e Inverno (Frio, Escuro e Brilhante). Há outras abordagens que consideram ainda 16 cartelas.
Para saber a sua, é preciso fazer o teste com um profissional - por mais que se tenha uma ideia de quais cores você naturalmente se sente bem. “É muito comum que as clientes nos informem as cores que gostam de usar e, ao final da análise, essas cores façam parte da cartela. Isso tem a ver com a percepção de Johannes”, fala Naylah, da Farage Inc.
Fotografia: Maíra Bedin
A análise de coloração pessoal consiste em aproximar cartões, tecidos ou máscaras virtuais coloridas do rosto do cliente. O teste é feito com a pessoa de cara lavada, com uma faixa cobrindo o cabelo, em um ambiente com luz natural e em frente a um espelho, colocando uma destas ferramentas junto do rosto, na altura do pescoço. “O que se busca é entender o que harmoniza e dá continuidade à beleza de quem está passando pela análise”, explicam Carol e Carlinha, da Assinatura de Estilo.
Para descobrir quais cores nos favorecem no geral, o que ajuda tanto na hora de comprar roupas e acessórios como também para saber o que funciona melhor em termos de cabelo e maquiagem - já que, quanto mais próximas do rosto, mais as cores influenciam. Outra vantagem é o impacto que o uso da cartela tem na composição final: “a pessoa fica com um ar mais descansado, saudável, luminoso! E o melhor de tudo é que a cartela não muda com o tempo e nem se pegamos mais sol”, fala Naylah.
A análise de coloração pessoal também tem a ver com autoconhecimento. “É uma ferramenta muito útil para começar a entender o próprio estilo e as próprias escolhas”, pontuam Carol e Carlinha. Elas ainda ressaltam que a cartela não deve ser vista como um limitador e, sim, como um direcionador. “Existem formas de se usar as cores que não estão na sua cartela. Além disso, o estilo pessoal da cliente deve ser respeitado. Nem todas buscam harmonia e, nesse caso, a cartela de cores pode servir apenas para maquiagem e cabelo ou ainda para excluir um caminho”, completam.
Após a testagem com as diferentes cores, observando qual valoriza mais a pessoa, conclui-se qual é a sua cartela sazonal final. É analisado ainda o contraste, que é a diferença entre a cor do cabelo, das sobrancelhas e dos olhos em relação ao tom da pele, podendo ser de baixo a alto e influenciando no resultado.
Quando se fala em colorimetria, uma ferramenta é sempre lembrada: o círculo cromático. Composto por 12 cores, as primárias (azul, amarelo e vermelho), secundárias (mistura de duas primárias) e terciárias (mistura de uma primária com uma secundária), é um instrumento utilizado para identificar as cores complementares e análogas, por exemplo, e as várias combinações possíveis, auxiliando na hora de compor looks.
“Ele pode ser sim uma boa ferramenta para quem quer começar a se aventurar no uso das cores”, dizem Carol e Carlinha. Mas elas não indicam que ele seja usado como único direcionador. “Uma vez que a pessoa adquirir uma certa segurança ao usar e misturar cores, recomendamos que guarde o círculo cromático e siga sua intuição e seu estilo”.