La Famiglia: Demna reabre o baú icônico da Gucci
24 SetConfira todos os detalhes da estreia de Demna Gvasalia na Gucci com a coleção spring/summer 2026!
A Gucci viveu um momento histórico no dia 22 de setembro de 2025, quando Demna Gvasalia revelou sua primeira coleção como diretor criativo da maison. Batizada de La Famiglia, a coleção de verão 2026 foi apresentada em formato de lookbook, fotografado por Catherine Opie, em vez de um desfile tradicional. Mais do que roupas, a estreia foi uma verdadeira narrativa visual, com personagens que representam diferentes facetas da identidade Gucci.
Quem é Demna?
Demna Gvasalia nasceu na Geórgia, em 1981, e construiu uma trajetória na moda internacional. Formado pela prestigiada Royal Academy of Fine Arts, Demna trabalhou em importantes maisons antes de ganhar notoriedade. Passou pela Maison Martin Margiela, onde mergulhou em um processo criativo experimental, e mais tarde integrou a equipe de Nicolas Ghesquière na Louis Vuitton, aprofundando seu olhar para a inovação dentro do luxo tradicional.
Em 2014, fundou a Vetements, marca que sacudiu o mercado ao propor uma releitura ácida e irônica do streetwear, trazendo para a passarela peças inspiradas na vida cotidiana, mas com um olhar crítico. No ano seguinte, foi convidado para assumir a direção criativa da Balenciaga, onde permaneceu quase dez anos. Lá, consolidou sua assinatura estética com silhuetas arquitetônicas, teatralidade, ironia e uma visão distópica, que não questionava a própria indústria da moda.
Agora, ao assumir a Gucci, Demna enfrenta talvez o maior desafio de sua carreira, liderar uma marca centenária, marcada por símbolos icônicos, forte herança artesanal e uma identidade visual profundamente enraizada na cultura de luxo global.
La Famiglia
A coleção de estreia não começa com roupas, mas com um objeto simbólico: um baú Gucci batizado de L’Archetipo. O arquétipo, como conceito, funciona aqui como metáfora, abrir esse baú é liberar memórias, narrativas e personagens que habitam o universo da marca.
O lookbook foi apresentado como uma galeria de retratos. As imagens, dispostas em molduras que variavam do exuberante ao minimalista, sugeriam o diálogo entre passado e futuro, tradição e modernidade. Cada personagem não era apenas um look, mas sim a encarnação de um arquétipo da Gucci. Todos funcionam como espelhos sociais e estéticos, reforçando a ideia de que a Gucci é múltipla, atemporal e profundamente teatral.
A coleção
La Famiglia foi pensada como um verdadeiro álbum de família, no qual cada look se apresenta como um retrato vivo da identidade Gucci.
A abertura do lookbook é marcada por L’Archetipo, um baú Gucci que remete diretamente à profissão original de Guccio Gucci como fabricante de malas. Mais do que um simples acessório, ele funciona como a chave simbólica da coleção, abrir o baú é liberar memórias, histórias e arquétipos que moldam o universo da marca.
A partir dessa imagem, a narrativa se desdobra em um mix assinado por Demna, que revisita os códigos da maison. Os clássicos retornam revitalizados: a icônica bolsa Bamboo 1947, o mocassim Horsebit, a estampa Flora de 1966 criada para Grace Kelly e, claro, o eterno monograma GG.
Embora carregada de conceito e ironia, a coleção também revela um viés comercial. La Famiglia chega em edição limitada a 10 lojas exclusivas ao redor do mundo, reforçando a estratégia de reposicionar a Gucci como um objeto de desejo imediato no mercado de luxo global.
O resultado vai além de uma apresentação de moda, é uma coleção sobre herança, provocação e reinvenção, que inaugura oficialmente a Gucci de Demna.
Se alguém ainda duvidava que Demna faria sua estreia na Gucci de forma convencional, estava completamente errado! No lugar de um desfile tradicional, ele apresentou alem do lookbook, um curta-metragem cinematográfico e uma estreia digna de tapete vermelho.
The Tiger
Diferente de um simples fashion film estético, The Tiger tem enredo. A história gira em torno de Barbara Gucci, uma matriarca que também é executiva poderosa, que reuni seus filhos e convidados para comemorar seu aniversário. O que começa como uma noite de celebração rapidamente se transforma em tensões familiares, pressões sociais e conflitos.
Essa narrativa não é por acaso: funciona como metáfora direta para La Famiglia. Assim como a coleção, o filme não mostra apenas arquétipos glamourosos, mas expõe também as contradições e fragilidades de uma “família Gucci” que precisa manter a imagem impecável a qualquer custo.
O elenco reforça essa dualidade, com atores clássicos de Hollywood como Demi Moore, Edward Norton e Ed Harris, mas também com atores da geração atual como Elliot Page, Keke Palmer e Alia Shawkat, até rostos famosos de modelos, como Kendall Jenner e Alex Consani. Essa mistura dá ao curta um caráter multicultural e intergeracional, espelhando a Gucci que Demna está construindo.
Red Carpet
O lançamento não parou no filme. O evento-premiere em Milão virou parte essencial, modelos que apareceram no lookbook surgiram ao vivo, desfilando os mesmos looks da coleção, mas não foram apenas eles, o casting trouxe nomes como Alex Consani, Jin, Davika Hoorne, Serena Williams, Gwyneth Paltrow e Lila Moss, que deram ainda mais força a narrativa dos arquétipos.
Claro que a decisão de trocar o desfile clássico por um curta-metragem foi arriscada e dividiu opiniões. Mas, para mim, esse é justamente o ponto, Demna nunca foi um criador “seguro”, ele sempre preferiu provocar, desconstruir e elevar a moda em outro patamar.
Se o Spring Summer 2026 foi apenas uma amostra do que vem por aí, a mensagem é clara, a Gucci não será apenas uma marca de roupas sob a direção de Demna. O resultado foi glamouroso, provocador e, acima de tudo, impossível de ignorar, exatamente o que a Gucci e Milão, precisavam!
Demna abriu o baú da Gucci com La Famiglia. E você, o que achou dessa coleção? Acha que Demna conseguiu honrar o legado da maison e ao mesmo tempo, propor algo novo?
