Descubra quando as roupas que eram símbolo do guarda-roupa masculino passaram a compor o vestuário delas e ainda dicas para incluir as peças nos looks.
Hoje em alta na moda, a alfaiataria era exclusividade dos homens até o início do século XX. Os terninhos, calças e blazers que protagonizam produções fashion e descoladas já foram alvo de repúdio pela sociedade até meados de 1950, passaram a ser símbolo da mulher independente e trabalhadora a partir da década de 1970 e chegaram aos anos 2000 com uma imagem conservadora e até vinculada à política. Se antes transmitiam uma ideia de sobriedade, as peças de alfaiataria que vemos agora desconstruíram esse conceito e surgem em diferentes cores, estampas e modelagens. São um verdadeiro curinga no guarda-roupa feminino e tem dominado as passarelas. Conheça um pouco da história da alfaiataria para as mulheres e dicas para criar looks com as peças mais trendy da estação, confira:
A alfaiataria e, principalmente, a calça de alfaiataria, só se tornou aceita e popular na década de 1960. Antes disso, o movimento Sufragista e as duas grandes Guerras Mundiais ajudaram a impulsionar as mudanças no vestuário das mulheres. O primeiro, no início do século XX, lutava pela participação feminina na política e o direito ao voto (sufrágio) e suas representantes adotaram a jaqueta e a saia como uma espécie de uniforme do movimento, que ficou conhecido como “terno sufragista”.
Mais tarde, durante e no período entre guerras, as mulheres passaram a ocupar postos de trabalho antes destinados aos homens, que se encontravam nos campos de batalha, e precisaram substituir os amplos e nada práticos vestidos por roupas mais adequadas para as fábricas e atividades pesadas e até perigosas. Em 1933, a atriz de Hollywood Marlene Dietrich causou furor ao ser fotografada de calça e blazer para a Vogue americana. O simples ato de vestir uma calça em público, fora de um ambiente de trabalho braçal, era sinônimo de rebeldia.
Coco Chanel foi um dos primeiros nomes a pensar e criar roupas mais confortáveis para mulheres e a inserir códigos masculinos nas peças. Além de abandonar a cintura marcada, também produzia em tecidos leves e fluidos, como o jérsei, que davam mais liberdade de movimento. Em 1954, lançou seu icônico tailleur de tweed, que viria a se tornar uma de suas marcas e que é sucesso absoluto até hoje.
Em 1966, o estilista Yves Saint Laurent apresentou Le Smoking, um elegante terninho para a noite todo preto e produzido em um tecido de lã chamado grain de poudre. Parte da sua Pop Art Collection, o conjunto revolucionou a moda feminina, criando para elas peças com cortes masculinos, mas ainda assim sexy e elegantes. O Le Smoking também causou um choque na sociedade da época e uma socialite nova-iorquina chegou a ser barrada em um restaurante por vestir as peças - dizem que ela tirou a calça e ficou só com o blazer, como se fosse um mini vestido.
Nas décadas de 1970 e 1980, os terninhos e outras peças de alfaiataria se tornaram quase um uniforme das mulheres que ingressavam no mercado de trabalho e buscavam sua independência. A personagem Annie Hall, do filme homônimo de 1977 (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, em português), ajudou a popularizar o visual. Ao longo dos anos, a alfaiataria foi se reinventando e ganhando novas modelagens e significados.
Um exemplo é o look que a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, usou para sua posse em 2021. Ela vestia peças de alfaiataria na cor roxa, em referência ao movimento das Sufragistas. Além de Kamala, a antiga primeira-dama Michelle Obama optou por calça e casaco de alfaiataria, ambas deixando de lado peças com códigos tipicamente femininos em uma cerimônia e evento político extremamente tradicionais.
Agora que você já conhece um pouco da história da alfaiataria e como essas peças chegaram ao guarda-roupa feminino, trazemos algumas ideias para inserir os itens nas produções de forma simples, rápida e, claro, garantindo muito estilo!
O duo de blazer com calça jeans é muito prático e dispensa apresentações! Funciona para as mais diversas ocasiões e em todas as estações do ano, além disso, a peça de alfaiataria deixa o visual instantaneamente mais elegante. Por isso, a dica é investir em um blazer de qualidade, pode ser em um tom mais neutro e com corte reto, por exemplo. Certamente, vai se tornar um curinga das suas produções, indo do office ao passeio e até à balada! Uma peça atemporal e mega versátil que tem que ter!
Os conjuntos de alfaiataria sempre estiveram em alta e agora mais do que nunca! Em tons neutros, cores vibrantes, estampados, oversized ou mais ajustados, com calça ou bermuda, tem para todos os gostos! A tendência é apostar em produções monocromáticas, combinando a peça de baixo do blazer na mesma cor. O legal dos conjuntos é que depois as roupas podem ser usadas separadas e criar ainda mais looks.
Esta combinação é a cara dos dias frios da estação! Além de aquecer, fica super elegante! A sugestão é apostar em blusas de gola alta ou rolê, que protegem o pescoço e criam uma proporção interessante. Outra dica é brincar com as construções: blusão oversized com calça reta, tricot colado ao corpo e calça fluida, tudo amplo ou ainda tudo justo.
Da junção dos termos em inglês “athletic” (atlético) e “leisure” (lazer), é a combinação de peças esportivas e confortáveis a itens de alfaiataria, por exemplo. As combinações são inúmeras: biker shorts, top e blazer, conjunto de alfaiataria com tênis, moletom e blazer etc. É o look da academia que segue para o escritório, uma aposta certeira e descolada!