Confira tudo que aconteceu na semana de Alta Costura em Paris!
A Semana de Alta Costura em Paris é o evento que dá início a todas as Fashion Weeks mais famosas da temporada. Ao contrário das semanas de moda tradicionais, focadas no prêt-à-porter, a alta costura apresenta peças exclusivas, feitas sob medida e com técnicas artesanais. Enquanto a Fashion Week é voltada para o mercado e visibilidade global, com coleções para pronta-entrega, a alta costura é uma celebração da criatividade e da personalização, focada em um público seleto e em coleções de luxo.
A coleção "Vertigineux" de Alessandro Michele para a alta-costura da Valentino foi concebida como uma grande colcha de retalhos de referências históricas e culturais. Em sua estreia na maison, Michele mergulhou profundamente em suas obsessões pessoais e na herança da Valentino, criando um universo onde a moda transcendia a estética e se tornava um campo de narrativas interligadas. A grandiosidade dessa construção estética ficou evidente no vestido de losangos que abriu o desfile, uma peça que exigiu 1.300 horas de trabalho artesanal para ser finalizada.
O estilista explorou influências que iam desde os carnavais venezianos até os cavaleiros medievais, passando por Maria Antonieta e a opulência do século XVIII, a Era de Ouro de Hollywood e as crinolinas vitorianas. Cada peça parecia emergir de um sonho barroco, onde bordados exuberantes, laços exagerados e volumes dramáticos criavam uma atmosfera de fantasia e sofisticação. O uso de tecidos luxuosos, como veludos, brocados dourados e rendas delicadas, reforçou a ideia de uma moda que dialoga com o tempo e a memória. Apesar de seu maximalismo característico, Michele soube equilibrar sua visão com o DNA da Valentino, trazendo uma paleta que transitava entre o icônico vermelho da maison, o dourado imperial e o preto clássico.
A coleção de alta costura da Chanel, apresentada em um momento de transição criativa, celebrou os 110 anos da maison na alta-costura, reafirmando seu papel como a mais antiga representante desse universo. Sem um diretor criativo oficial no comando, enquanto Matthieu Blazy, da Bottega Veneta, se prepara para assumir em outubro, a coleção foi desenvolvida pela equipe criativa da marca, resultando em um desfile que honrou o legado de Coco Chanel, mas deixou a sensação de que poderia ter sido ainda mais ousado.
A principal inspiração foi a década de 1930, um dos períodos mais icônicos da fundadora, quando ela revolucionou a moda feminina com silhuetas fluidas e um enfoque na liberdade de movimento. O tweed, assinatura da Chanel, apareceu em quatro looks inteiramente bordados à mão, destacando a excelência artesanal que define a maison. A Chanel, que há mais de um século detém ateliês especializados em bordados e botões, reafirmou seu compromisso com o savoir-faire da alta costura, onde a beleza se esconde nos detalhes minuciosos.
A paleta de cores transitou entre tons vibrantes, pastéis delicados e neutros sofisticados, encapsulando a essência atemporal da maison. Além disso, referências à arte e à arquitetura, especialmente ao movimento Art Déco, surgiram em formas geométricas e bordados precisos, trazendo um toque de modernidade à coleção.
A coleção de alta costura da Giorgio Armani Privé celebrou duas décadas de excelência no universo couture, reafirmando a visão do estilista sobre a mulher moderna, sofisticada, e uma elegância discreta e sensual. Como um dos poucos fundadores de grifes de luxo que ainda permanece à frente da direção criativa, Armani manteve-se fiel ao seu estilo inconfundível, trazendo uma alfaiataria impecável com um toque de glamour e vestidos que mais pareciam joias, com precisão artesanal.
A inspiração para esta coleção surgiu do contraste entre a fluidez dos tecidos e a estrutura das peças. Sedas e chiffons esvoaçantes dialogavam com casacos de alfaiataria e vestidos de cortes assimétricos, criando um equilíbrio. A paleta de cores transitou entre metálicos, prateados e tons de nude, evocando a estética de um luxo contido, mas profundamente refinado.
Diferente da maioria das casas de alta costura, Armani Privé continua a desfilar suas criações acompanhadas de bolsas, um detalhe raro que reforça sua identidade. Além disso, as modelos caminharam pela passarela com voltas sutis, remetendo aos desfiles tradicionais de décadas passadas, onde a moda era apresentada como um verdadeiro espetáculo de gestos e atitudes.
Maria Grazia Chiuri, à frente da direção criativa da Dior, mais uma vez apresentou uma interpretação fiel à sua abordagem. Chiuri buscou inspiração na mulher moderna e em suas lutas pela liberdade e igualdade, trazendo para a passarela peças que transitavam entre a delicadeza e a força. Tule e organza foram protagonistas, acompanhados por bordados florais meticulosos que evocavam o legado romântico da maison.
A coleção explorou referências ao século XIX, incorporando crinolinas, mangas bufantes, casacos de dândi e decotes fechados, reinterpretados sob uma ótica mais etérea e fluida. Vestidos com caudas longas e saias volumosas pareciam flutuar, reforçando a ideia de liberdade que permeia o trabalho da estilista. No entanto, apesar da execução impecável e do inegável savoir-faire da maison, a coleção soou previsível. Elementos como transparências, crinolinas e sandálias gladiadoras, já marcas registradas de Chiuri, voltaram a aparecer, tornando o desfile uma extensão de suas coleções passadas.
Abrindo a semana de moda de alta-costura, Daniel Roseberry apresentou uma coleção que resgatou o esplendor da opulência e da extravagância. Inspirado pelo barroco e algumas referência do ballet, o estilista trouxe silhuetas marcadas, tule em abundância e scarpins adornados com fitas, equilibrando a teatralidade característica da maison com uma abordagem surpreendentemente clássica para os padrões da marca.
A coleção de verão 2025 exibiu um refinamento técnico excepcional, refletido nos bordados meticulosos e nas modelagens esculturais que capturavam a opulência da arte barroca. Um dos destaques foi o vestido usado por Kendall Jenner, cuja estrutura acentuava o quadril, remetendo às silhuetas históricas do período. Em uma paleta sofisticada de bege amanteigado, preto e dourado, as peças mantiveram a essência artesanal da alta-costura. "Estou cansado de todo mundo constantemente igualar a modernidade com simplicidade. O novo também não pode ser trabalhado, barroco, extravagante?" - Daniel Roseberry.
Com isso, ele propôs um contraponto à onda minimalista dominante nas passarelas, resgatando a riqueza de detalhes e a exuberância que sempre fizeram parte do DNA da maison.
Agora que você acompanhou todos os detalhes dessa edição da Semana de Alta Costura, qual das coleções é a sua favorita?